O fim da neutralidade na rede nos Estados Unidos foi a notícia da última semana. O lobby das operadoras de telecomunicações venceu a batalha, mas não a guerra.
Só lembrando: o presidente da FCC foi colocado no posto por Donald Trump, e é ex-advogado da operadora Verizon. Só aí vemos o forte tráfico de influências envolvendo o setor.
A neutralidade na rede garante uma internet livre, aberta e não discriminatória, protegendo direitos fundamentais na era digital, como as liberdades de opinião e expressão.
Sem a neutralidade da rede, os provedores de acesso à internet recebem a autoridade legal para discriminar os acessos à rede, cobrando valores adicionais para o uso de determinados aplicativos e serviços, priorizando o acesso ao tráfego para quem paga mais por isso.
As novas regras podem resultar em aumento de preços, bloqueios de conteúdos e criminalização de redes P2P, além de sustentar o controle político da internet em muitos países. Pequenas empresas e start-ups terão custos maiores para se manter em pé (inclusive o TargetHD.net), e quem não pagar vai estar em clara desvantagem comercial, acabando com a concorrência.
A União Europeia (de um modo geral) garantiu a manutenção da neutralidade da rede, mas o que os Estados Unidos decide pode afetar a todo o planeta. Gigantes de internet, comércio eletrônico, centro de dados para serviços na nuvem e vários outros serviços. As novas normas prejudicam de forma sensível os consumidores e pequenas empresas.
Veículos como a Motherboard & VICE estão propondo a criação de uma infraestrutura de internet comunitária e alternativa, longe das mãos de grandes empresas de telecomunicações. É possível desse modo até se obter uma melhor infraestrutura de internet, centrada nos aspectos de privacidade e respeitando os ideais da neutralidade da rede.
Para isso, uma rede comunitária com sede no Brooklyn, Nova Iorque (EUA) será construída, oferecendo conexões de internet para o bairro, conectada a uma malha existente mais ampla na cidade.
A rede vai se conectar à internet real e está respaldada por uma infraestrutura de fibra, mas sem depender de um provedor tradicional. A Motherboard vai documentar todo o processo para a criação dessa internet alternativa, e em 2018 vai publicar um guia de criação de uma ISP, com os aspectos técnicos, legais e políticos para sua construção.
Projetos como esse são possíveis e acessíveis, e o máximo que as empresas de telecomunicações podem conseguir é colocar o fim à liberdade na internet.
Mas não ao livre acesso e uso.