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Sua conta da Steam morre com você

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Voltamos ao ponto: você NÃO é dono das licenças digitais que você “adquiriu”.

A oferta de conteúdos digitais é farta, com jogos que são vendidos com preços muito baixos ou distribuídos de graça. Hoje, temos coleções de títulos em formato digital que são muito maiores que as coleções físicas, em uma quantidade muito maior do que o tempo que nós temos ou teremos na vida para aproveitar todo esse conteúdo.

Sem falar que é muito mais fácil armazenar todos esses jogos em uma unidade de armazenamento externo do que no armário do seu quarto.

Mas… o que vai acontecer com essa coleção de jogos quando você não estiver mais nesse mundo? Não dá para transferir a coleção ou doar como herança esses títulos porque, na grande maioria dos casos, os jogos não são seus.

Mesmo com você pagando por cada jogo nas lojas digitais.

 

Para a Steam, não existe a garantia de propriedade…

Você não paga para ter o jogo em formato digital, mas pelo direito de utilizar esse jogo dentro das condições previamente estabelecidas pelos desenvolvedores ou fornecedores dos jogos.

Várias empresas já se posicionaram neste sentido. Microsoft e Sony deixaram isso muito claro para os sues jogadores, e agora a Steam segue os mesmos passos, informando que não garantem a posse real dos jogos para os seus usuários.

Ao “comprar” um jogo na Steam, ela não concede o direito de transferência ou herança, limitando o usuário às condições impostas pela plataforma. Na prática, são os direitos de utilizar os títulos dentro das regras da própria Steam.

Em caso de falecimento do usuário, a coleção é simplesmente extinta, e todo o dinheiro pago pelos jogos vai para o túmulo com o jogador falecido. As políticas de licenças da Steam restringem o uso única e exclusivamente ao usuário em vida.

Muito diferente dos jogos em formato físico, que podem ser doados para aquele sobrinho querido ou primo mala que só ia na sua casa porque você é o único rico da família que possui um PlayStation 5.

 

…logo, “piratear não é roubar”!

A responsabilidade pelas restrições de transferência e herança dos jogos em formato digital não é uma exclusividade da Steam. Essa “culpa” é compartilhada com as desenvolvedoras e distribuidoras parceiras.

Tudo isso faz parte dos interesses comerciais e políticas de todos os envolvidos, que acabam limitando o controle do usuário sobre a sua coleção digital. Aqui, a Steam basicamente repete o modelo de negócio de todas as outras empresas dentro desse mercado, revelando ser parte da obsessão coletiva do setor em combater a pirataria.

E a frase “se comprar não é possuir, piratear não é roubar” começa a ganhar ainda mais força e sentido junto aos jogadores, da mesma forma que ela já está mais do que consolidada nas plataformas de streaming de filmes e séries de TV.

Neste caso, a pirataria surge como a única alternativa para garantir o acesso vitalício aos jogos, tanto em vida como após o falecimento do jogador. Por mais que esse caminho levante as discussões éticas e legais, não apenas o legado dos jogos está em jogo (sem trocadilhos), mas também o direito de transferir um bem que nós pagamos por ele.

Tudo bem, eu sei que muito provavelmente os termos de uso de plataformas como Steam e Xbox Game Pass contam com termos de uso que já mencionam esse licenciamento dos títulos, e que essa questão deve ser uma “causa perdida” para os gamers quando chegar nos tribunais.

Por outro lado, essas mesmas plataformas precisam parar de usar a expressão “é seu para sempre”, pois não é meu se eu não posso fazer o que quiser com o jogo. Se nem mesmo posso doar o game, não dá para dizer que é meu.

Não existe uma solução definitiva para o problema das heranças de coleções digitais, infelizmente. Mas as questões para o debate estão apresentadas.

E uma coisa é certa: as plataformas de jogos digitais precisam repensar (e com uma certa urgência) as políticas de licenças de usuário, entregando para o consumidor um maior controle sobre os seus bens digitais.

Ou aceitam, de uma vez por todas, que “piratear não é roubar”. E segue com o jogo, sem reclamar.


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