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Nokia: sobrevivendo com smartphones disfarçados (ou celulares camuflados de smartphones)

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Vamos ser bem sinceros nesse post, em uma conversa franca entre dois amigos (no caso eu, que escrevo o post, e você, que está lendo nesse momento). Deixemos nossas diferenças de lado, e as minhas diferenças em particular em relação à própria Nokia, certo? Mas vamos tentar responder a um dos mistérios do cenário atual da tecnologia: como a Nokia consegue sobreviver?

Uma coisa que temos que considerar é que a parceria entre Nokia e Microsoft não é nem próxima daquilo que as duas empresas esperavam, pelo menos, por enquanto. É claro que tudo pode mudar a partir de 5 de setembro, quando as duas empresas anunciarem novidades no universo Windows Phone, já pensando na nova versão (Windows Phone 8 Apollo), em um evento em Nova York. Mas a realidade é que, mesmo sendo a marca que mais vende smartphones com o sistema móvel da Microsoft, liderar em um mercado que só possui 3.5% de todo o universo mobile é quase como ser o último colocado na final olímpica dos 100m rasos, ficando muito atrás do Usain Bolt.

A prova que essa parceria ainda não engrenou é que a Nokia faz questão de manter segredo sobre os resultados financeiros dos modelos Lumia, que gira em torno de apenas 4 milhões de unidades ao redor do planeta. Tudo bem, muitos vão dizer que essa parceria a longo prazo vai render frutos, e particularmente, eu acredito nisso. Mas… e até lá? Como é que vai ser? Como a Nokia vai pagar as contas? Como os seus executivos vão comprar o leite das crianças, as joias caras para as esposas, o motel com marmita para as amantes (alguns deles…)?

A resposta? Mercado secundário. Calma, vou me explicar.

Todo mundo quer um smartphone. Você pode até dizer que não, e que o seu Nokia 1100 funciona muito bem (e eu acredito em você). Mas, no fundo, lá no âmago de sua alma, você quer um smartphone. E a Nokia sabe disso. E sabe muito bem que não é todo mundo que pode pagar uma fortuna por um smartphone “top”. E é aí que a empresa dá o seu pulo do gato. Atuando em mercados emergentes, como a Ásia e a América Latina, onde muita gente compra celulares, mas não compra smartphones pelo fator preço, a fabricante finlandesa oferece produtos com preços acessíveis, com características de smartphones, mas que, na prática, não são smartphones. É tipo o Denorex: “parece, mas não é”.

Um dos pontos positivos da Nokia nesse quesito é que, mesmo com a sua capacidade de produção um pouco reduzida por causa do fechamento de algumas de suas fábricas, a empresa ainda é capaz de produzir muito, e barato. É sempre bom lembrar que em 2007 (antes de uma coisa chamada iPhone entrar nas nossas vidas), a Nokia era a maior vendedora de celulares do mundo, e só foi superada pela Samsung recentemente, e ainda assim porque a sul-coreana usou os Androids de linha baixa para isso. Ou seja, a Nokia sabe como fazer. E sabe que não consegue mais fazer sucesso se apresentar no mercado celulares que só sabem enviar e receber mensagens. Logo, aposta pesado nos “featurephones”, e tem resultados positivos com isso.

A linha Asha é um sucesso em todos os mercados onde a Nokia busca o seu público-alvo, incluindo o Brasil. Afinal de contas, são featurephones que fazem algumas das principais atividades que as pessoas buscam em um smartphone (comunicação nas redes sociais e envio de e-mails), alguns modelos contam com telas sensíveis ao toque, e tudo isso por um preço que não machuca o bolso do consumidor. Os modelos conseguem a façanha de estimular o consumidor a desistir dos celulares “xing-ling”, que prometem mundos e fundos, mas que no final, acabam sendo um pedaço de plástico inútil, que não faz nada direito.

Além disso, a Nokia consegue derrotar modelos muito populares, como o Samsung Galaxy Ace, que fora o sistema Android, possui características semelhantes aos mais modernos modelos da linha Asha. Porém, os modelos da Nokia são muito mais baratos, e aí, o consumidor vai preferir o preço, sem se importar muito se o sistema é Android ou S40. Convenhamos: tem muita gente que só precisa de um celular para se comunicar com as pessoas pelo WhatsApp, Twitter e Facebook. E, para isso, o S40 pode atender muito bem.

Outro ponto a favor da fabricante finlandesa é que grande parte dos usuários já possuem uma “história de amor e ódio” de vários anos com a Nokia. Muitos elogiam a empresa pela simplicidade dos seus sistemas, e pela usabilidade muito simples. Já outros criticam as decisões errôneas, e alguns modelos realmente infelizes. De qualquer forma, uma coisa que todos concordam é que os smartphones (ou featurephones) da Nokia são bonitos e com ótima fabricação. E mesmo entre os modelos novos não tão atraentes, os consumidores preferem deixar de lado a beleza para aderir ao produto que não vai causar um estrago no seu orçamento financeiro. A Nokia também não para de trabalhar na ideia de expandir o S40. Tanto, que recentemente anunciou uma parceria com a Zynga, para levar ao sistema móvel jogos como Draw Something e Pôquer.

Mas o que mais chama a atenção na linha Asha é como eles conseguem ajustar o preço às características do produto. Alguns modelos recebem um processador de 1 GHz e custam menos de R$ 500 no Brasil. É claro que a fabricante finlandesa ainda não pensa em processadores com dois ou quatro núcleos (mesmo porque não é essa a proposta), mas é animador saber que é possível oferecer smartphones potentes com preços competitivos.

É claro que tudo isso pode mudar. A Nokia deve lançar os primeiros modelos de linha baixa com Windows Phone 8 no segundo semestre de 2013, que é quando se espera o lançamento da segunda “fornada” de dispositivos (lembro que a primeira leva de lançamentos é sempre pensada nos modelos de linha alta e média). Até lá, a Nokia não vai mexer em time que está ganhando, e vai seguir apostando no Asha, principalmente nos mercados emergentes. Mesmo porque, nesse segmento, a Nokia leva grande vantagem contra fabricantes como a ZTE e os fabricantes chineses alternativos.


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