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Julian Assange é um homem livre

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Julian Assange, fundador do WikiLeaks, passou 14 anos enfrentando diversas acusações, principalmente por divulgar informações confidenciais sobre as ações secretas do governo dos Estados Unidos

Ele estava preso no Reino Unido e enfrentava uma possível extradição para os Estados Unidos, onde (muito provavelmente) receberia a pena máxima para a acusação de 18 crimes, incluindo espionagem e fraude informática.

Os documentos sigilosos divulgados por ele através de sua criação, o WikiLeaks, expuseram práticas governamentais questionáveis. Este é considerado o maior e mais relevante vazamento de dados da história dos EUA.

Hoje, 25 de junho de 2024, sabemos que Assange fez um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, admitindo culpa em um único crime de espionagem. Esse acordo reduziu significativamente sua sentença, permitindo sua libertação após mais de 1901 dias preso.

Eu nem acredito que estou escrevendo isso, mas… Julian Assange é, de forma oficial, um homem livre novamente.

 

Os termos do acordo

O acordo foi possível graças a uma campanha global de apoio a Assange, envolvendo defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes políticos.

Assange ainda precisa comparecer a um tribunal nas Ilhas Marianas do Norte para formalizar sua confissão e obter a libertação oficial. A expectativa é que o juiz reconheça o tempo já cumprido e permita seu retorno à Austrália.

O acordo indica que Assange deverá ser oficialmente libertado em breve, considerando o tempo já cumprido na prisão britânica de Belmarsh. Ele já está a caminho da Austrália (no momento em que este artigo foi produzido) e, em teoria, a audiência judicial será uma mera formalidade obrigatória.

 

Um marco para a liberdade de imprensa no mundo

A liberdade de imprensa foi um dos pontos centrais no caso de Assange. Muitos argumentam que a perseguição a Assange estabelece um precedente perigoso para jornalistas que lidam com informações sigilosas.

Organizações como o Comitê de Proteção de Jornalistas (CPJ) e a Federação Internacional de Jornalistas (FIP) destacaram que o caso de Assange poderia ameaçar a liberdade de expressão e o direito à informação.

As linhas entre o que é considerado conteúdo sigiloso e informação relevante para o coletivo se tornaram mais claras após o episódio do WikiLeaks. Agora, sabemos que tudo o que é considerado questionável ou ilegal por parte dos governos deve vir à público.

Jamais devemos tratar escândalos e crimes cometidos por governos como “assunto confidencial”, pois é justamente isso o que dá margem para que outros crimes institucionais aconteçam.

Após a libertação, Assange voltará à Austrália para se reunir com sua família. No entanto, sua luta não termina aqui. Sua esposa e advogada, Stella Assange, anunciou que eles solicitarão um indulto completo ao governo dos EUA.

A campanha por indulto busca reverter a condenação de espionagem, já que este ponto ainda deixa margens para que novas medidas que ameaçam o direito de livre expressão e ofício de informação sejam adotadas no futuro em escala global.

O acordo com os EUA reflete uma mudança na abordagem do governo americano em relação a Assange, aliviando a pressão sobre ele, mas não resolvendo completamente a questão.

Ainda é preciso discutir com maior profundidade onde termina o limite de jornalismo investigativo e começa a barreira das atividades ilegais. Mas garantir proteções legais robustas para jornalistas e denunciantes precisa ser uma pedra fundamental para que a democracia continue a funcionar.

E no caso de Julian Assange e WikiLeaks, os resultados atuais são uma mostra de que o jornalismo investigativo sobrevive. Respira.

E sempre seguirá atuante.


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