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Como o reajuste da Netflix ficou “menos pior” diante do estrago da concorrência

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Só para você não dizer que não falei da flor mais cobiçada no jardim do streaming: a dona Netflix.

A madrasta malvada entre as principais plataformas anunciou mais um reajuste de preços para o mercado brasileiro, acompanhando o movimento das demais coleguinhas do parquinho. E a parte mais triste de tudo isso é que nem podemos reclamar direito do reajuste aplicado pela Netflix dessa vez.

Isso mesmo. Por incrível que pareça, a Netflix foi menos cruel que Disney+ e Amazon Prime na lambada seca com os seus assinantes. O que pode fazer com que a pancada das demais doa ainda mais na fatura do nosso cartão de crédito.

 

O que são 12% perto de 33%?

É óbvio que não estou relativizando nada neste caso.

O reajuste das mensalidades da Netflix é ruim do mesmo jeito, e só reforça a impressão de que este é um movimento coordenado das plataformas de streaming. Sim, pois poucos serviços não reajustaram os seus preços em 2024 (e tenho até medo de mencionar seus nomes para não dar ideia para eles).

De qualquer forma, a Netflix foi menos severa dessa vez. O maior reajuste foi de 12%, no plano Padrão (de R$ 39,90 para R$ 44,90/mês). O plano Padrão com Anúncios está 10% mais caro (de R$ 18,90 para R$ 20,90/mês) e os ricos sempre vão ter reajustes menores, pois o plano Premium só está 7% mais caro (de R$ 55,90 para R$ 59,90/mês).

Eu sei. Você está furioso, o dinheiro não dá em árvore e a Netflix nem tem o mesmo nível de conteúdo que Disney e Warner. Por outro lado, o último reajuste que a plataforma aplicou no Brasil foi em 2021 (mal saindo da pandemia) e a pancada na época foi de assustadores 21%.

Apenas como comparativo: o Amazon Prime Video ficou 33% mais caro em fevereiro, e eu sei fazer contas. Não precisa me explicar que reajustes de preços para serviços que custam pouco resultam em impactos menores nos valores.

Mesmo assim: muito provavelmente você ficou com os dois até agora. Quem tem os planos Básico e Premium vão sentir menos o aumento. A galera do plano Padrão é que vai repensar a vida de verdade, já que ficou com o reajuste mais pesado.

E isso, porque não estamos falando dos valores do novo Disney+, onde o Mickey usou a ESPN como moeda de troca para segmentar de forma absurda os preços de seus planos.

 

A Netflix vale o quanto custa?

A resposta para essa pergunta está ficando cada vez mais individual. Não sei o quanto as pessoas estão aproveitando de suas assinaturas na Netflix em termos práticos, considerando toda a diversidade de opções que temos hoje em nossa programação.

O que sei é que, de longe, a Netflix é aquela que tem o catálogo mais fraco nas produções originais. Mas isso é PARA MIM. O fã convicto da plataforma não concorda comigo de jeito nenhum.

Não podemos nos esquecer que a Netflix construiu a sua fan base. Tem aquele público que não só não vive mais sem o serviço, mas que já se identifica com os tipos de produções que são próprios dessa plataforma.

Sério, eu conheço algumas pessoas que são viciadas nos doramas, e a franquia 365 Dias jamais teria virado uma trilogia se não tivesse um volume absurdo de reproduções ao redor do mundo.

Então, deixei de ser aquele crítico ardoz da Netflix para simplesmente observar os movimentos da plataforma. Tudo o que eu disse nos últimos três anos sobre os movimentos que a empresa fez dentro dos streamings simplesmente não se concretizou, e Ted Sarandos calou a minha boca de forma implacável.

O fim da divisão de contas funcionou lindamente para a maldita. Pouquíssimas pessoas ficaram sem a Netflix após a medida, o que fez com que o faturamento por cabeça aumentasse ao redor do planeta.

E o recente aumento de preços é sim algo indigesto, mas pode cair no “mais do mesmo” quando olhamos para o que a concorrência da Netflix fez recentemente, e para o histórico de reajustes do serviço.

 

Nem dá para reclamar direito

De novo: não estou tirando a razão de quem está reclamando do reajuste da Netflix. Porém, a plataforma se muniu de argumentos para abafar essas reclamações.

Max, Disney, Amazon e Apple. Todas aplicaram aumentos de preços AINDA MAIS OBSCENOS que a Netflix nos últimos 12 meses. Enquanto isso, a Netflix aumentou “no máximo” 12% em três anos. Ela se dá ao luxo de espaçar os seus reajustes (que antes eram bianuais) e, ainda assim, aplicar aumentos menores que a concorrência, já que seu modelo de negócio é minimamente diferente das demais.

E a cereja do bolo de tudo isso.

Por incrível que pareça, é um reajuste BEM MENOR que o índice IPCA registrado entre 2021 e 2023 (20,46%).

Eu sei. Não justifica. Mas explica.

De um modo geral, manter o serviço de streaming está ficando cada vez mais caro, principalmente para quem mora sozinho. É o meu caso: durante a pandemia, dividi vários serviços com alguns amigos aqui em Floripa, e todo mundo estava feliz dessa forma.

Agora, todo mundo está pagando a mais para ter o mesmo entretenimento, com exceção daquelas pessoas que moravam juntas. Para quem vive com duas ou mais pessoas, dividir o streaming ainda é um bom negócio.

Mas para os mais solitários, a conta está passando bem longe de fechar. Infelizmente.

E diante do cenário de caos, ver que a Netflix foi a que menos agrediu a nossa carteira só aumenta essa percepção de que a bolha do streaming está no seu limite, se é que já não estourou.

E no futuro, nenhuma dessas empresas – incluindo a própria Netflix – poderão reclamar da famigerada pirataria.

O “love is sharing” acabou. Logo, não tem porque você ficar fiel o resto da vida com quem te trata mal.


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