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Por que a desculpa da Apple para que apenas o iPhone 15 Pro receba a Apple Intelligence não convence

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A Apple decidiu se explicar sobre o porquê ela basicamente segregou o iPhone 15 Pro (e Pro Max) de todo o resto na hora de colocar a Apple Intelligence, sua plataforma de IA (ou AI).

Soa mais como desculpa diante dos fatos, mas era algo até previsível para a grande maioria daqueles que enxergaram a situação de forma objetiva. Mas faltava uma explicação oficial.

E a culpa é do… Apple A17 Pro, é claro. Bom, quero dizer… a Apple reforçou que os demais modelos até poderiam rodar a sua IA, mas com o desempenho débil a ponto de fazer você querer desistir dela.

 

As explicações da Apple

De forma oficial, o que John Giannadrea, chefe da divisão de IA na Apple, afirmou sobre o assunto foi isso aqui:

“Estes modelos, quando você olha para o tempo de execução, isso é chamado de inferência, e a inferência dos modelos de linguagem grandes é incrivelmente custosa, do ponto de vista computacional. Então, é uma combinação da largura de banda do aparelho, o tamanho do Apple Neural Engine, a capacidade do aparelho para que estes modelos sejam rápidos o suficiente para serem úteis. Você poderia, teoricamente, rodá-los em um aparelho muito velho, mas eles ficariam lentos demais, então não seriam úteis.”

Considerando que ele tem o respaldo de ninguém menos que Craig Federighi (chefe da divisão de software) no assunto, essa é uma posição oficial e definitiva.

Aliás, Craig reforça que o simples fato de a Apple rodar uma IA em suas plataformas é algo considerado “extraordinário”, dada a complexidade da tarefa.

Tá. OK. Beleza.

O problema aqui é que a Samsung colocou a Galaxy AI tanto nos modelos Galaxy S24 como em todos os telefones top de linha e dobráveis de 2023. E a IA dos coreanos trabalha da mesma forma que a plataforma da Apple, ou seja, com parte do seu processamento na nuvem e parte local.

E não tudo no smartphone. Entendeu?

Logo, a Apple trabalha mais uma vez com meias verdades que só são convenientes para a própria Apple. Se a sua AI rodasse 100% no smartphone, eu até poderia aceitar essa exclusividade no iPhone 15 Pro.

Mas como não é assim…

 

Por que a desculpa não cola

A Apple tenta manter as aparências e disfarçar as evidências.

Afirma que não está fazendo isso para impulsionar as vendas dos novos modelos do iPhone, algo que parece meio óbvio diante dos fatos apresentados. E se defende, reforçando que, se fosse desse jeito, colocariam a Apple Intelligence apenas nos Macs e iPads mais recentes.

Só tem um detalhe: estamos falando do iPhone, que é responsável por 50% de suas receitas. Ou seja, impulsionar as vendas dos modelos novos (que são mais caros e mais rentáveis) é o impacto positivo nas receitas que a Apple procura, principalmente depois da queda nas vendas desse smartphone na China.

Sobre o iPad e o Mac… quem se importa com as vendas desses produtos?

Tá, são importantes para posicionamento de mercado, são líderes dos seus respectivos segmentos… mas não entregam uma receita bruta para a Apple no mesmo nível que o iPhone.

Logo, essa Apple pode se dar ao luxo de colocar a Apple Intelligence em todos os tablets e computadores lançados de 2020 (no caso dos Macs) e 2021 (no caso dos iPads) para cá, e está tudo certo.

Na minha modesta opinião (que é a única que realmente importa neste blog), a Apple está SIM segregando as séries do iPhone para estimular as vendas dos modelos mais recentes. Ou está se contradizendo com toda a força desse mundo.

É preciso analisar o salto tecnológico que o A17 Pro representa em relação aos seus modelos anteriores, mas é muito relativo afirmar que um processamento neural que é compartilhado com um servidor na nuvem tem um consumo de demanda técnica tão brutal quanto o alegado pela Apple.

A não ser que o próprio lançamento do iPhone 15 Pro (e Pro Max) com o A17 Pro já estivesse premeditado para que esses modelos recebessem a IA de forma exclusiva. O que não é difícil de se pensar, já que qualquer empresa de tecnologia pensa em tudo o que será lançado no futuro com boa antecedência.

Lembrando sempre que iPhone 13 e iPhone 14 contam com o mesmo processador A15 Bionic, com a Neural Engine de 16 núcleos (do mesmo jeito que o A17 Pro), com uma discreta atualização na GPU do modelo do ano passado, que recebe 4 núcleos no lugar de 5.

Sim… existe um salto tecnológico entre o A15 Bionic e o A17 Pro. Mas… ele realmente justifica a ausência da Apple Intelligence nos modelos dos últimos dois anos?

E, mesmo assim: a Apple estaria se contradizendo de alguma forma, pois na prática deixa o iPhone 14 (incluindo os modelos Pro e Pro Max) esquecidos na festa da Apple Intelligence quando no passado vendeu os modelos como potentes o suficiente para fazer qualquer coisa.

No final das contas, a Apple tem desculpas disfarçadas de explicações, e o debate sobre a segregação da IA no iPhone vai continuar por algum tempo.

Vou esperar por testes mais apurados de especialistas para uma posição em definitivo. Mas até que a própria Apple (ou o tempo) me prove o contrário, vou seguir acreditando que tudo não passa de um plano para impulsionar a venda do iPhone 15 Pro e do futuro iPhone 16.

É o mais lógico. É a forma que a Apple encontrou para engordar as suas receitas.

É o mais fácil de explicar e acreditar neste momento.


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