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Opinião | A estratégia da Microsoft com o Xbox One prova que eles não aprenderam com os erros da Sony com o PS3

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Se você que está lendo esse post se lembra bem – e não faz muito tempo que isso aconteceu – o PlayStation 2 era o console dominante do mercado de games. O Nintendo Gamecube era um produto de um pequeno nicho de mercado, com um market share mundial insignificante, e a Microsoft tentava engrenar com o console, o Xbox, que mais parecia um PC para games do que um console doméstico. A Microsoft tinha como trunfo os jogos online, que mesmo sem dar muito certo naquela época, gerou um volume de vendas razoável. Mas não era nada comparado ao PS2. Disso, não temos dúvidas, certo?

A Sony soube pavimentar bem o seu caminho com o primeiro PlayStation, e se tornou um gigante no mundo dos games. Um gigante que parecia indestrutível. Na época, mesmo com o Xbox com maiores possibilidades técnicas e mais acessível para o desenvolvimento de jogos, o PS2 estava em todos os mercados do planeta, e com acordos exclusivos com produtoras de jogos consideradas essenciais. E isso garantia a sua dominância do mercado. Ou seja, o futuro PlayStation 3 tinha meio caminho andado para ser um sucesso.

Tinha.

O lançamento do PlayStation 3, de um modo geral, foi um desastre em mercados considerados essenciais. E isso fez com que os fãs dos games começassem a olhar para o lado, e ver que a grama da vizinha (a Microsoft) poderia ser mais verde. Para começar, o PS3 chegou ao mercado exatos um ano depois do lançamento do Xbox 360, e custava US$ 600 na época. Resumindo: chegou tarde e caro. Mesmo assim, alguns executivos japoneses estavam satisfeitos com o que ofereciam.

Para a sua época, o PS3 oferecia recursos técnicos muito interessantes e até avançados para a sua época: uma unidade de Blu-Ray, controles sem fio com bateria recarregável, Wi-Fi integrado, um disco rígido e o processador do PS2 para uma retrocompatibilidade. Ou seja, com tantos elementos, ele não tinha mesmo como ser mais barato.

Para piorar, o então CEO da Sony, Ken Kutaragi, afirmou que “Nós queremos que os consumidores digam para eles mesmos ‘eu terei que trabalhar mais horas para comprar um (PS3)’. Nós queremos que as pessoas sintam que elas querem um, independente de qualquer coisa”.

Afirmações como essa custaram o emprego de Kutaragi.

Por outro lado, o Xbox 360 era consideravelmente mais barato, oferecendo um bom produto pela metade do preço do PS3. Além disso, o console era de fácil acesso aos programadores, uma vez que o console oferecia essencialmente a mesma arquitetura de um PC, enquanto que o PS3 contava com o processador CELL, que ao mesmo tempo que oferecia uma performance muito elevada, complicava as coisas no desenvolvimentos de jogos (às vezes dá a impressão que a única coisa que a Sony queria era que os programadores levassem anos para trabalhar em jogos para o PS3).

O modelo base do Xbox 360 não contava com Wi-Fi integrado, tinha um controle com fio, e utilizava mídias de DVD. Mesmo assim,  vendeu muito mais que o PS3. E a arrogância dos executivos da Sony custou a dominância do seu console de última geração no mercado.

A Microsoft virou o jogo, e hoje domina o mercado mundial de games com o Xbox 360. E também não temos dúvidas disso, certo?

Mas nem tudo está perdido para a Sony. Com a liderança de Kaz Hirai, eles estão dando mostras claras que aprenderam com os erros cometidos durante a era PlayStation 3. O PlayStation 4 apresentado pelos japoneses na E3 2013 vai além de ser um simples console de games. É uma competente plataforma de entretenimento, com opções oferecidas que não só se foca no fator  “jogos”. Além disso, a Sony aprendeu talvez a mais importante lição: que o preço importa, e muito. E oferece um produto US$ 100 mais barato que a Microsoft, optando por oferecer o PS Move e outros periféricos em separado, dando a opção do usuário escolher comprar o que quiser para complementar a sua experiência com o produto.

Por outro lado, a Microsoft parece olhar para Sony como se ela fosse ainda aquela empresa arrogante de 2007. O novo Kinect faz o Xbox One custar US$ 499, e os consumidores não contam com a opção de comprarem o console sem esse acessório. Ok, a Microsoft quer ter o centro das atenções da sala de sua casa, oferecendo recursos de sintonizador de TV e DVR no console, mas parece que esse é o foco principal, e não os jogos. Ao contrário da Sony, que na sua apresentação, mostrou o que o seu console realmente pode fazer com os futuros títulos.

Agora, quem parece demonstrar um pouco de arrogância são os executivos da Microsoft. Na verdade, o que mais demonstrava essa postura prepotente já abandonou a empresa (Don Mattrick), mas isso não significa que a ficha do pessoal em Redmond já caiu. Corrigiram erros de restrição do Xbox One. Porém, a demissão de Mattrick só me lembra que essa é apenas uma espécie de “cala a boca” para os críticos mais severos da empresa.

Da mesma forma como quando a Sony fez ao demitir Ken Kutaragi.


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