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Como o mundo da tecnologia e a internet estão reagindo aos eventos de Charlottesville

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charlottesville

Ontem (13), os Estados Unidos testemunhou um dos seus episódios mais racistas e violentos das últimas décadas, com os eventos de Charlottesville.

A coisa só piorou com as reações e comentários dos principais mandatários da nação (incluindo a grande asneira feita por Donald Trump). E o mundo da tecnologia invariavelmente se viu envolvido no assunto.

O site que promove a supremacia branca, The Daily Stormer, foi derrubado através de um ataque conjunto realizado pelo grupo Anonymous, contando com a colaboração do serviço de hospedagem GoDaddy.

Depois de uma série de denúncias a um artigo degradante e ofensivo contra Heather Heyer, uma das vítimas daquilo que foi considerado por muitos como um ataque terrorista de supremacia branca, a empresa decidiu retirar o site do ar, alegando violação dos termos de serviço.

Paralelo à isso, o Anonymous iniciou uma ofensiva ao site, colocando uma mensagem na página inicial do The Daily Stormer, afirmando que a mesma foi hackeada. Alguns alegam que a intervenção do grupo ciberativista é falsa, mas sim uma montagem feita por Andrew Anglin, fundador da página racista.

No meio disso tudo, os neo-nazistas e supremacistas brancos comemoram o fato de Donald Trump se negar a acusá-los diretamente pelos crimes cometidos ontem na sua única declaração pública sobre os eventos (depois, a assessoria de imprensa da Casa Branca emitiu um comunicado tentando corrigir a c*g*d* de Trump).

Tim Cook, CEO da Apple, condenou de forma explícita as manifestações violentas e racistas. Já Jack Dorsey, CEO do Twitter, compartilhou em sua conta pessoal as mensagens publicadas pelo vice-presidente, Joe Biden, sobre os eventos. Já outros líderes da indústria tecnológica, como Bill Gates (Microsoft), Elon Musk (Tesla), Jeff Bezos (Amazon) ou Sundar Pichai (Google) decidiram ficar em silêncio.

O silêncio não é casual. Levando em conta o posicionamento desses executivos diante das recentes medidas de Donald Trump (o abandono do acordo de Paris, a proibição dos transsexuais no Exército dos EUA), as plataformas tecnológicas enfrentam o seu próprio dilema: manter-se neutras e não atuar diante dos grupos de ultra-direita, racistas e neo-nazistas que promovem o seu discurso de ódio nas redes sociais, ou ter um papel muito mais ativo e sofrer as represálias do presidente louco?

O debate correu como pólvora na internet nas últimas horas. O Facebook acabou eliminando um grupo privado que homenageava o jovem neo-nazista assassino, depois de denúncias dos usuários.

Por outro lado, um desenvolvedor denunciou que o Twitter teria bloqueado o acesso à sua conta depois dele ter supostamente “mandado à m****” um usuário de ideologia nazista.

Quem tomou um posicionamento ativo contra a marcha de extrema direita foi o Airbnb, que eliminou os perfis de usuários que iam alojar em Charlottesville um manifestante usando a sua plataforma. E não é a primeira vez que o serviço faz isso, em favor de sua política a favor da diversidade e da igualdade.

Apenas para contextualizar: centenas de supremacistas brancos se manifestaram em Charlottesville, pequena cidade de 45 mil habitantes, localizada no estado de Virgínia (EUA). A concentração foi considerada ilegal, mas aconteceu mesmo assim. Envolveu indivíduos portando símbolos racistas e conhecidos dirigentes da Ku Klux Klan, além de outros extremistas e neo-nazistas.

O protesto aconteceu por conta da retirada de uma estátua em homenagem à Robert E. Lee, general confederado na guerra civil norte-americana. Os manifestantes reivindicavam a figura do militar conhecido como um símbolo racista branco, que lutou para manter o sistema de escravatura dos negros (aka o motivo pelo qual a guerra civil dos EUA aconteceu).

O grupo de extrema direita (que contou com o apoio de Donald Trump durante a campanha presidencial de 2016), acabou confrontando um grupo anti-racismo e anti-fascismo, no Parque da Emancipação. A violência desatou, e a Guarda Nacional teve que intervir.

O Governo da Virgínia declarou estado de emergência naquele momento.

O conflito terminou quando o jovem neo-nazista James Alex Fields, membro do grupo de ultra-direita Vanguard America, atropelou a multidão anti-racismo e anti-fascismo, matando a jovem Heater Heyer, advogada de 32 anos. Durante o protesto, dois policias morreram e dezenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos.

Os eventos de Charlottesville causaram repulsa nos Estados Unidos e em todo o mundo, mas gerou nojo ver Donald Trump condenar a violência de forma genérica, sem fazer referência ao protesto dos supremacistas brancos, nem ao atentado terrorista realizado pelo jovem neo-nazista.

Até os membros do Partido Republicano condenaram a postura de Trump. Nem sua própria filha, Ivanka Trump, apoiou a postura, já que se mostrou claramente contra os supremacistas, neo-nazistas e racistas.

Outras reações sobre os eventos em Charlottesville foram surpreendentes. Barack Obama foi contundente, dizendo “Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, ou sua origem ou religião. As pessoas aprendem a odiar, e se eles podem aprender a odiar, também podemos ensiná-la a amar. O amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o ódio”. A frase é uma alusão à citação de Nelson Mandela, e corresponde ao livro O Longo Caminho Até a Liberdade, a autobiografia que ele escreveu enquanto estava preso, durante o Apartheid.

Já Mike Godwin, o advogado que idealizou a Lei de Godwin (“À medida que uma discussão online se torna maior, a provabilidade de uma comparação que envolve os nazistas ou Hitler aumenta”) disse: “Obviamente, compararam esses protestos com os nazistas. Mais uma vez. Estou com vocês”, em sua conta no Twitter.

Fato é que: andamos algumas casas para trás na evolução da humanidade. Não podemos mais aceitar viver em um mundo onde um grupo de pessoas entende que é superior a outro apenas porque tem uma cor da pele diferente. Não falo isso por ser negro, mas sim por ser um ser humano dito racional. Estamos em 2017: vivemos a era dos smartphones e da tecnologia, mas muita gente tem conceitos e pré-conceitos arcaicos. Limitados. Primitivos.

Se você não concorda com nada do que foi escrito nesse post, pode ir embora. Não preciso de audiência de racistas por aqui. Quero audiência qualificada.

 

Via TechCrunch, CNN, CNN, Engadget, Independent


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