Entrar em uma loja, pegar um produto e sair sem pagar. Esta é a última ideia da Amazon.
É tão simples que é quase difícil de explicar. O Amazon Go chamou muita atenção, e temos muita tecnologia nesse conceito. Falamos de visão artificial, fusão de dados e aprendizagem profunda. Mas isso não é o mais interessante.
O melhor (e o pior) do Amazon Go é que ele nos mostra um futuro onde nunca precisaremos pagar, e não porque tudo sera de graça. Tudo será cobrado de forma imperceptível.
É o sonho de toda loja. E o doce envenenado para qualquer consumidor.
Uma ideia muito simples, com uma execução muito complexa
Se os caixas de supermercado ainda existem, é porque ainda não existe uma alternativa tecnológica melhor.
O processo é tão mecânico, que era questão de tempo para uma solução automática chegar. Mais: há dez anos, a IBM apresentou uma ideia similar.
A parte tecnológica envolve a integração de sistemas de visão artificial, sensores e aprendizagem automática como o smartphone. Mas… faz algum sentido repensar todo o conceito de um supermercado para economizar apenas US$ 19.310 por ano cobrados por um caixa nos EUA?
A resposta vai além do debate sobre o fim dessa vaga de emprego. Não é tanto por conseguir uma loja onde não exista empregados que cobrem por um produto, mas sim em criar uma loja onde você não precisa pagar.
E a possibilidade disso faz com que repensemos tudo o que acreditávamos saber sobre os supermercados.
Pagar dói…
Se podemos aprender alguma coisa com a evolução histórica do comércio é que pagar dói.
Não só existe a “dor do pagamento”, como também esta dor mina a satisfação do cliente. Coisas como pagar a prazo pode ser algo prazeroso.
A introdução de sistemas que distanciem o ato da compra de suas consequências diretas (ter menos dinheiro) são uma boa estratégia comercial.
Os vendedores evitam esse mal estar psicológico afastando todo o possível o momento da compra do desembolso de dinheiro.
Reduzir o processo de venda é outra boa estratégia. Produz melhores resultados. Aqui, a busca quase obsessiva pela compra em um clique, serviços de assinatura e tarifas fixas são evidentes.
Por outro lado, essa dor é modulada por vários fatores.
Por exemplo, pagar em moedas é menos doloroso que pagar em tickets. O efeito foi muito estudado com cartões de crédito, sendo assim um pedaço de plástico que representa nosso dinheiro.
Isso faz com que a sensação de gasto seja menor, com maior facilidade de efetuar o pagamento, produzindo maior satisfação com o produto pago em dinheiro.
…e queremos um futuro sem dor
Sem dor no pagamento, pelo menos.
Este é o objetivo do Amazon Go: reduzir a dor da compra até que você não a perceba. Ou seja, aplicar tudo o que a empresa aprendeu no comércio digital para o comércio físico.
Pode ser algo pouco intuitivo, mas eles podem tornar o processo simples a ponto de quase desaparecer o formato tradicional.
Isso é uma mudança de regras radical. Muitos dos mecanismos psicológicos que nos ajudam a controlar os gastos simplesmente não existem no Amazon Go.
O debate está aberto, já que a primeira consequência direta é que os usuários vão gastar mais.
O sistema da Amazon resolve todos os problemas tecnológicos de um futuro distante, alucinante e desmonetizado, mas também em um futuro onde as empresas podem explorar ao máximo todos os nossos desejos e tendências.